Com informações da Minga Informativa de Movimentos Sociales.
04/05/2006 - Gritam os mapuches desde o centro do Chile: pulchetun... pulchetun... Esta palavra, na língua dos “hombres de la tierra”, quer dizer: faça deslizar a flecha mensageira. Para quem escreve, a palavra vira flecha e é com ela que queremos chamar a atenção para mais uma das incontáveis dores que o povo originário chileno está vivendo. Desde o dia 13 de março um grupo de quatro pessoas, três delas mapuches, está vivendo uma greve de fome. Já se vão mais de 50 dias e a situação chega a seu ponto crítico, visto que a partir de primeiro de maio, os quatro decidiram sequer tomar água. A vida se esvai e muito pouco está sendo feito para denunciar o terror.
Os grevistas são prisioneiros do Estado, acusados de terem incendiado instalações de uma empresa florestal multinacional. A empresa é responsável pela destruição das florestas e da vida do povo mapuche que é, afinal, o guardião de Mapu (a terra) e por isso, tem como responsabilidade cuidar de tudo o que fazem com ela. Mas, lá, no Chile, quem virou vítima é justamente quem destrói Mapu e não quem luta para proteger a vida. Coisa meio parecida com o que aconteceu na Aracruz pouco tempo atrás aqui no Brasil. A empresa desalojou os povos autóctones violentamente e, quando foi ocupada por mulheres camponesas em luta, virou vítima.
A estudante da Universidade Católica de Valparaíso, Patrícia Troncoso, e mais três pessoas da comunidade mapuche - Juan Marileo, Juan Carlos Huenulao e Florencio Marileo – já emagreceram mais de 15 quilos, estão muito fracos, mas garantem que vão até as últimas conseqüências. Eles consideram que todo o processo que culminou com a condenação de 10 anos de reclusão e mais o pagamento de milhares de dólares é absolutamente ilegal e baseado em premissas e depoimentos falsos. A lei que os enquadrou é ainda do tempo de Pinochet e estabelece regras para o que as autoridades chamam de luta anti-terrorista, muito bem a gosto da lógica estadunidense atual. Quem briga contra a irracionalidade do sistema capitalista é logo rotulado como terrorista.
Com a greve de fome passando dos 50 dias, o médico que tem observado os prisioneiros, diz que se eles continuarem se recusando a beber água, não devem durar mais que seis dias. A situação é de extrema gravidade. O pai da estudante Patricia Troncoso, Roberto, depois de visitá-la, disse a imprensa que a filha não está nada bem. “Está em precárias condições, separada dos companheiros, junto com os presos comuns e dormindo amarrada”. As informações é que os quatro estão irredutíveis e não querem nenhuma atenção médica. O que querem é que haja uma decisão favorável a respeito da condenação que sofreram.
Segundo informes da Agrupação Familiares e Amigos dos Presos Políticos Mapuche, “o governo pretende aplicar una estratégia rápida que acabe com a greve de fome. Sua intenção é torturar os lamngen (presos mapuches) para fazer com que os familiares, advogados e outras instituições acusem o governo do Chile de maus tratos e tortura, para assim obrigarem legalmente os nossos irmãos a comerem a força. Dessa forma deslegitimariam a mobilização conseguindo algum acordo que não soluciona a questão de fundo”. A entidade acusa que muitas irregularidades foram produzidas durante o julgamento dos quatro prisioneiros. Dizem que o Ministério Público, o Estado e as empresas florestais têm atuado juntos e de maneira cúmplice para impedir um processo justo. “Eles foram julgados com base em uma lei anti-terrorista herdada da ditadura, que só se aplica na IX Región e, concretamente contra os mapuches. Nela, estão contidas disposições que dobram automaticamente as penas. E, ainda dentro da lógica da lei anti-terrorista, foram usados testemunhos anônimos, muitos deles pagos”. Além disso, a juíza que se recusou a dar o caráter de “terrorismo” à luta do povo mapuche, foi tirada do processo pela Corte Suprema de Justiça.
Agora, os guardiões da terra pedem ajuda aos irmãos de toda a América Latina. Despojados de grande parte do seu território que originalmente chega até a Argentina, os mapuches querem justiça. Primeiro, a anulação do processo que levou à prisão os quatro companheiros que hoje estão em greve e a libertação de cada um deles. Depois, a luta maior: o território e o respeito pela sua cultura. Enquanto isso, cada um pode fazer pulchetun... “fazer viajar a flecha mensageira”. Que chegue à presidente Michelet, que chegue aos corações empedrados do capital... Se assim não for... outras flechas voarão... Ou vamos deixar os mapuches morrer?
04/05/2006 - Gritam os mapuches desde o centro do Chile: pulchetun... pulchetun... Esta palavra, na língua dos “hombres de la tierra”, quer dizer: faça deslizar a flecha mensageira. Para quem escreve, a palavra vira flecha e é com ela que queremos chamar a atenção para mais uma das incontáveis dores que o povo originário chileno está vivendo. Desde o dia 13 de março um grupo de quatro pessoas, três delas mapuches, está vivendo uma greve de fome. Já se vão mais de 50 dias e a situação chega a seu ponto crítico, visto que a partir de primeiro de maio, os quatro decidiram sequer tomar água. A vida se esvai e muito pouco está sendo feito para denunciar o terror.
Os grevistas são prisioneiros do Estado, acusados de terem incendiado instalações de uma empresa florestal multinacional. A empresa é responsável pela destruição das florestas e da vida do povo mapuche que é, afinal, o guardião de Mapu (a terra) e por isso, tem como responsabilidade cuidar de tudo o que fazem com ela. Mas, lá, no Chile, quem virou vítima é justamente quem destrói Mapu e não quem luta para proteger a vida. Coisa meio parecida com o que aconteceu na Aracruz pouco tempo atrás aqui no Brasil. A empresa desalojou os povos autóctones violentamente e, quando foi ocupada por mulheres camponesas em luta, virou vítima.
A estudante da Universidade Católica de Valparaíso, Patrícia Troncoso, e mais três pessoas da comunidade mapuche - Juan Marileo, Juan Carlos Huenulao e Florencio Marileo – já emagreceram mais de 15 quilos, estão muito fracos, mas garantem que vão até as últimas conseqüências. Eles consideram que todo o processo que culminou com a condenação de 10 anos de reclusão e mais o pagamento de milhares de dólares é absolutamente ilegal e baseado em premissas e depoimentos falsos. A lei que os enquadrou é ainda do tempo de Pinochet e estabelece regras para o que as autoridades chamam de luta anti-terrorista, muito bem a gosto da lógica estadunidense atual. Quem briga contra a irracionalidade do sistema capitalista é logo rotulado como terrorista.
Com a greve de fome passando dos 50 dias, o médico que tem observado os prisioneiros, diz que se eles continuarem se recusando a beber água, não devem durar mais que seis dias. A situação é de extrema gravidade. O pai da estudante Patricia Troncoso, Roberto, depois de visitá-la, disse a imprensa que a filha não está nada bem. “Está em precárias condições, separada dos companheiros, junto com os presos comuns e dormindo amarrada”. As informações é que os quatro estão irredutíveis e não querem nenhuma atenção médica. O que querem é que haja uma decisão favorável a respeito da condenação que sofreram.
Segundo informes da Agrupação Familiares e Amigos dos Presos Políticos Mapuche, “o governo pretende aplicar una estratégia rápida que acabe com a greve de fome. Sua intenção é torturar os lamngen (presos mapuches) para fazer com que os familiares, advogados e outras instituições acusem o governo do Chile de maus tratos e tortura, para assim obrigarem legalmente os nossos irmãos a comerem a força. Dessa forma deslegitimariam a mobilização conseguindo algum acordo que não soluciona a questão de fundo”. A entidade acusa que muitas irregularidades foram produzidas durante o julgamento dos quatro prisioneiros. Dizem que o Ministério Público, o Estado e as empresas florestais têm atuado juntos e de maneira cúmplice para impedir um processo justo. “Eles foram julgados com base em uma lei anti-terrorista herdada da ditadura, que só se aplica na IX Región e, concretamente contra os mapuches. Nela, estão contidas disposições que dobram automaticamente as penas. E, ainda dentro da lógica da lei anti-terrorista, foram usados testemunhos anônimos, muitos deles pagos”. Além disso, a juíza que se recusou a dar o caráter de “terrorismo” à luta do povo mapuche, foi tirada do processo pela Corte Suprema de Justiça.
Agora, os guardiões da terra pedem ajuda aos irmãos de toda a América Latina. Despojados de grande parte do seu território que originalmente chega até a Argentina, os mapuches querem justiça. Primeiro, a anulação do processo que levou à prisão os quatro companheiros que hoje estão em greve e a libertação de cada um deles. Depois, a luta maior: o território e o respeito pela sua cultura. Enquanto isso, cada um pode fazer pulchetun... “fazer viajar a flecha mensageira”. Que chegue à presidente Michelet, que chegue aos corações empedrados do capital... Se assim não for... outras flechas voarão... Ou vamos deixar os mapuches morrer?
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