As maiorias















Fotos: Kennedy Karay







Os estudantes indígenas e negros organizaram uma recepção aos novos estudantes que entram na UFSC esse ano. A ideia era recepcionar e conversar sobre como é a vida na instituição, os direitos que têm, as conquistas que ainda precisam ser garantidas, os problemas, o preconceito concreto que se explicita a todo momento.

Essa é a primeira vez que isso acontece, índios e negros, juntos, pensando sua realidade e as ações dentro da universidade que até bem pouco tempo não tinha espaço para eles. Com o advento das cotas, finalmente os centros de ensino superior puderam receber alunos de escola pública, negros e índios, até então minoria nas universidades.

Agora, com o passar dos anos, esses grupos, outrora excluídos - porque a concorrência com os cursinhos privados garantia cotas quase exclusivas para brancos – assomam e dizem sua palavra. Estão na universidade para ensinar também. Falar de suas tradições, sua língua, sua música, suas vestimentas, seus sonhos.

Esse é um caminho ainda longo, pois ainda hoje há quem questione as cotas e a discriminação está sempre aí, latente. Mas, com persistência e ação política conjunta, esses estudantes vão avançando. A unidade entre os negros e índios já é um indício de maturidade. Caminhar sozinho sempre é mais difícil.

E que não venham falar de racismo às avessas, porque isso não existe. Desde a invasão deste espaço geográfico que hoje chamamos Brasil os indígenas vivem processos violentos, com tentativa de dizimação e sistemática destruição de sua cultura. Igualmente os negros, trazidos à força de seu lugar original e escravizados. Uma gente que mesmo após a dita “libertação” ainda precisa lutar para viver com dignidade nesse país. Logo, a união desses grupos nada mais é do que uma resposta organizada a quem ainda não entendeu que precisa dividir o espaço com eles, na igualdade de direitos e no respeito a diferença.

Que essa união perdure e avance!