25/08/2006 - O Chaco argentino é uma região para resistentes. No verão, as temperaturas podem chegar a 50 graus centígrados, com sensação térmica de 60.
A respiração fica custosa, as gentes se abrigam e no período que vai das onze da manhã até as quatro da tarde quase não se vê viva alma pelas ruas. Já no inverno, o frio pode passar do zero grau. As variações térmicas são radicais. A vegetação é formada por pastagens e bosques, e o ecossistema é bastante frágil. Até o final do século XIX, a região do Chaco era o espaço dos povos originários, todos com um tronco comum: o guarani. Com a expansão da fronteira agrícola para o norte, aquela parte do país começou a ser ocupada por colonizadores que introduziram o gado e o cultivo do algodão. Isso tanto enfraqueceu o ecossistema quanto fragilizou a cultura originária.
Hoje, vivem na região três importantes etnias chaquenhas, os Tobas, os Wichí e os Mocoví e, a exemplo do que tem acontecido em praticamente todos os pontos da América Latina, também eles estão se levantando em busca de seus direitos e da recuperação de sua cultura. Os povos originários do norte da argentina querem proteger seu território do profundo processo de desertização que está em curso, tornando a vida ainda mais difícil para quem está à margem do sistema. Além disso, querem que as autoridades demarquem suas terras, garantam saúde, educação e resolvam definitivamente a situação das famílias criollas que ocupam as terras indígenas. O primeiro passo foi enviar um documento ao governador da província para que se manifestasse sobre o tema. O resultado foi o silêncio.
Cansados de esperar, os índios chaquenhos realizaram uma grande assembléia - com mais de duas mil pessoas - e decidiram marchar até a cidade de Resistência, sede do governo regional, para reivindicar seus direitos. As negociações permaneceram truncadas, sem respostas. A mobilização das três etnias seguiu firme e culminou com um acampamento em frente à casa de governo. Doze indígenas conseguiram entrar, e lá ficaram, decididos a permanecer em greve de fome até que o governo desse uma resposta.
Foram 32 dias de greve, num tumultuado processo de negociação que envolveu toda a gente de Resistência. Todos os dias, dezenas de pessoas ali ficaram, em frente à sede de governo, exigindo que houvesse um acordo. Ao completar trinta dias de greve, os manifestantes chegaram a divulgar uma carta de despedida, pois já estavam muito debilitados e não se vislumbrava a possibilidade de uma solução. Premido pela força da luta que se expressava nas ruas e pela repercussão internacional, o governo da província decidiu então conversar e fechar um acordo para por fim a greve.
O processo de negociação foi feito com os representantes do Instituto del Aborígen Chaqueño e os ministros de governo e da economia provinciais. Não se permitiu a presença da imprensa. Ao final, foi apresentado um documento em que o governo se compromete a resolver a questão da demarcação das terras e todas as demais reivindicações dos indígenas. A greve de fome foi suspensa no último dia 22 de agosto, depois de 32 dias, e todos os que acampavam na praça de Resistência voltaram para suas casas.
Mas, no interior da região do Chaco, os povos originários continuam mobilizados. O tal documento que consistiu no fim da greve não recebeu a assinatura do governador e todos sabem que as conquistas só virão com muita luta. São mais de 25 anos esperando pelos títulos das terras que cada dia mais vão minguando pela exploração indevida do homem branco. O prazo dado pelas etnias Toba, Wichí e Mocoví é de 15 dias. Até lá, o governo da província precisa acenar com algo concreto. Caso isso não aconteça, não há dúvidas. Eles voltarão. Não sabem a hora, nem o dia. Mas, voltarão. Da úmida região argentina, se levantam as gentes em busca de vida digna.
No enlace “notícias para ouvir”, você pode escutar a palavra dos grevistas Inocência e Egídio, e do presidente do Instituto del Aborígen Chaqueño, Orlando Charole.
A respiração fica custosa, as gentes se abrigam e no período que vai das onze da manhã até as quatro da tarde quase não se vê viva alma pelas ruas. Já no inverno, o frio pode passar do zero grau. As variações térmicas são radicais. A vegetação é formada por pastagens e bosques, e o ecossistema é bastante frágil. Até o final do século XIX, a região do Chaco era o espaço dos povos originários, todos com um tronco comum: o guarani. Com a expansão da fronteira agrícola para o norte, aquela parte do país começou a ser ocupada por colonizadores que introduziram o gado e o cultivo do algodão. Isso tanto enfraqueceu o ecossistema quanto fragilizou a cultura originária.
Hoje, vivem na região três importantes etnias chaquenhas, os Tobas, os Wichí e os Mocoví e, a exemplo do que tem acontecido em praticamente todos os pontos da América Latina, também eles estão se levantando em busca de seus direitos e da recuperação de sua cultura. Os povos originários do norte da argentina querem proteger seu território do profundo processo de desertização que está em curso, tornando a vida ainda mais difícil para quem está à margem do sistema. Além disso, querem que as autoridades demarquem suas terras, garantam saúde, educação e resolvam definitivamente a situação das famílias criollas que ocupam as terras indígenas. O primeiro passo foi enviar um documento ao governador da província para que se manifestasse sobre o tema. O resultado foi o silêncio.
Cansados de esperar, os índios chaquenhos realizaram uma grande assembléia - com mais de duas mil pessoas - e decidiram marchar até a cidade de Resistência, sede do governo regional, para reivindicar seus direitos. As negociações permaneceram truncadas, sem respostas. A mobilização das três etnias seguiu firme e culminou com um acampamento em frente à casa de governo. Doze indígenas conseguiram entrar, e lá ficaram, decididos a permanecer em greve de fome até que o governo desse uma resposta.
Foram 32 dias de greve, num tumultuado processo de negociação que envolveu toda a gente de Resistência. Todos os dias, dezenas de pessoas ali ficaram, em frente à sede de governo, exigindo que houvesse um acordo. Ao completar trinta dias de greve, os manifestantes chegaram a divulgar uma carta de despedida, pois já estavam muito debilitados e não se vislumbrava a possibilidade de uma solução. Premido pela força da luta que se expressava nas ruas e pela repercussão internacional, o governo da província decidiu então conversar e fechar um acordo para por fim a greve.
O processo de negociação foi feito com os representantes do Instituto del Aborígen Chaqueño e os ministros de governo e da economia provinciais. Não se permitiu a presença da imprensa. Ao final, foi apresentado um documento em que o governo se compromete a resolver a questão da demarcação das terras e todas as demais reivindicações dos indígenas. A greve de fome foi suspensa no último dia 22 de agosto, depois de 32 dias, e todos os que acampavam na praça de Resistência voltaram para suas casas.
Mas, no interior da região do Chaco, os povos originários continuam mobilizados. O tal documento que consistiu no fim da greve não recebeu a assinatura do governador e todos sabem que as conquistas só virão com muita luta. São mais de 25 anos esperando pelos títulos das terras que cada dia mais vão minguando pela exploração indevida do homem branco. O prazo dado pelas etnias Toba, Wichí e Mocoví é de 15 dias. Até lá, o governo da província precisa acenar com algo concreto. Caso isso não aconteça, não há dúvidas. Eles voltarão. Não sabem a hora, nem o dia. Mas, voltarão. Da úmida região argentina, se levantam as gentes em busca de vida digna.
No enlace “notícias para ouvir”, você pode escutar a palavra dos grevistas Inocência e Egídio, e do presidente do Instituto del Aborígen Chaqueño, Orlando Charole.
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