17.07.2008 - Eis que em 10 de agosto, um domingo, a Bolívia viverá uma hora histórica, momento inédito, nunca antes vivido. O presidente do país, Evo Morales, o vice, Álvaro Linera, e mais oito “prefectos” (governadores de províncias) estarão submetendo-se à vontade popular outra vez, dentro de um mesmo mandato. São as gentes que vão decidir se eles seguem governando ou não, num referendo revocatório convocado pelo partido do próprio presidente. Para um país que tem registrado na história dezenas e dezenas de golpes, rebeliões, revoltas e ditaduras, esta é uma novidade radical. Assim, aquilo que poderia ser o grande trunfo da direita racista de Santa Cruz, acabou virando-se contra ela. Evo Morales, em meio a uma série de violências e desrespeito à Constituição, preferiu deixar na mão do povo o destino da nação. Uma decisão arriscada, é certo, mas definitiva. São os bolivianos, na sua totalidade, que tomarão nas mãos o seu próprio destino. Pela primeira vez, não será a mesma velha elite branca e agrária quem decidirá por todos. Ou sim?
Uma história de opressão
A história da Bolívia está visceralmente ligada à história da conquista, tal qual a dos demais países deste imenso continente. Com um passado autóctone ancorado em conceitos como a cooperação, a solidariedade e a posse coletiva da terra, o povo da região viu ser solapado todo o seu modo de vida com a invasão espanhola no século XVI. Em todos os lugares, a lógica da colonização foi submeter os povos originários, apropriar-se da terra, impor-lhes uma cultura alienígena e transformá-los em seres dóceis aos objetivos de domínio. Esse foi um fato político de extrema importância que, conforme diz Mariategui, mudou o cimento da vida dos povos que aqui viviam. Toda a proposta colonial, baseada na concentração da terra, não foi capaz de ser dissolvida nem mesmo nas guerras de independência, no século XIX. Apesar de todo o esforço de Simón Bolívar para incorporar os setores marginalizados da vida latino-americana, como os camponeses pobres e os originários, sua proposta foi derrotada e, ao final do processo de independência o que se viu foi uma América balcanizada, longe de corresponder aos ideais de unidade e soberania propostos no Congresso Anfictiônico do Pamaná, em 1826.
A vitória do grupo ligado à aristocracia agrária não alterou a estrutura da vida colonial. O poder mudou de mãos,mas seguiu na mesma classe. Saiu da coroa portuguesa e passou para a dos grandes proprietários de terra, brancos e ricos. A independência não destruiu o feudo, o latifúndio. Com isso, quem tem a terra segue tendo o mando e as riquezas. É nesse sentido que José Carlos Mariategui não consegue ver na questão indígena apenas um problema racial. Ele insiste que, a despeito de haver o racismo, o que também preciso ser superado é o sistema econômico que concentra terra e riqueza nas mãos de uns poucos, ou seja, a mesma velha lógica colonial. Esta análise, feita na década de 30, segue sendo bastante válida para os dias de hoje, observando-se os acontecimentos na Bolívia. A mídia – como sempre aliada dos poderosos – tem se esmerado em mostrar os conflitos como uma questão racial entre brancos e índios, esquecendo de mostrar o que se expressa por trás da aparência.
As raízes mais próximas
A atual crise que vive o governo de Evo Morales tem sua origem nesta história de invasão, domínio e colonialismo. E o que está em questão, muito mais do que o ancestral sentimento de superioridade dos brancos invasores, é a posse da terra, a forma de organizar a vida e as novas diretrizes econômicas, alavancadas a partir da eleição de um aymara como presidente da nação. Desde a colônia que meia dúzia de famílias tem mantido o controle das riquezas na Bolívia. Primeiro, rapinaram a prata, tendo como sócios os parceiros estrangeiros. Depois, foi o estanho, seguindo a mesma dobradinha aristocracia boliviana X multinacionais. Toda a riqueza foi, durante estes 500 anos, escoada da Bolívia para os bolsos de alguns “insignes empresários nacionais” ou para outros países. A grande maioria, marcadamente originária, seguiu sob o domínio desta política de “latifundiários”. Assim, um povo que era eminente agrário, e numa lógica comunitarista, de propriedade coletiva da terra, passou a ser escravo das minas, vendo sua cultura e sua forma de vida ser destruída de forma violenta e abrupta. Mas, é bom que se diga, todo esse processo de desmantelamento da vida não se deu de forma pacífica. Incontáveis são as revoltas, rebeliões e revoluções protagonizadas pelo povo boliviano. Todas derrotadas, é fato. Mas, ali, naquelas terras, os povos originários nunca deixaram de lutar.
O passado recente que acabou se expressando na eleição de Evo Morales, produziu movimentos de revolta e rebelião, sempre dentro da mesma temática: a reação das gentes frente ao domínio de uma aristocracia agrária e ao roubo das riquezas do país. Não foi à toa que os movimentos populares derrubaram um presidente que falava com sotaque gringo e exigiram o chamamento de uma nova constituinte para refundar o país. Gigantescos protestos foram feitos nos anos de 2000, 2002, 2003 e 2004. O povo boliviano queria a nacionalização das minas e dos hidrocarburos, além de uma nova lei magna que representasse todas as vozes e não só a dos ricaços latifundiários de sempre.
Evo e as mudanças
E foi a partir destas palavras de ordem que exigiam a recuperação da Bolívia para os bolivianos que um sindicalista camponês aymara, aliado a uma parte da pequena burguesia nacional, conseguiu vencer as eleições. Tinha como proposta essas demandas populares, além da promessa de discutir a autonomia das comunidades originárias dentro da nação, garantindo a elas, inclusive, a propriedade da terra e das riquezas subterrâneas. E esse, sem dúvida, é um dos pontos detonantes do movimento separatista iniciado pela aristocracia branca de Santa Cruz de la Sierra. Aos sempre eternos donos da terra boliviana resultou inaceitável dividir com os originários a posse da terra, disputando assim, finalmente, em igualdade de condições, um outro jeito de organizar a vida. Incapazes de abrir mão do poder, que julgam divino, sobre a posse da terra e das riquezas, não restou a eles senão a proposta de criação de um outro país, no qual eles não tivessem que dividir nada com ninguém que não sejam os seus velhos sócios predadores.
Evo Morales, sendo eleito, levou a cabo as promessas feitas ao povo. Nacionalizou os hidrocarburos, nacionalizou as minas e convocou uma Assembléia Nacional Constituinte. Esta câmara também logrou representar as gentes que durante 500 anos tinham ficado de fora do processo decisório. E isso acabou gerando todo o pavor nos latifundiários e nos seus sócios estrangeiros. Com maioria na Assembléia, o povo boliviano iria dar uma cara muito mais plural ao país e poderia, inclusive, garantir, a refundação de uma nova Bolívia, popular, democrática e pluri-nacional.
O sobrevôo da águia
Outro fator que não pode ser esquecido, dentro da chamada crise boliviana, é o papel dos Estados Unidos e das multinacionais. Durante décadas o país esteve atrelado econômica e politicamente aos interesses estadunidenses, sendo a embaixada dos EUA o verdadeiro centro de poder, conforme documentos que estão sendo revelados agora pelo atual governo. Assim, para o capital estadunidense, seus sócios perderem o controle das riquezas significa perdas monumentais. Logo, o contra-ataque não se fez esperar.
O primeiro deles se deu no interior da Constituinte. A minoria, representante da oligarquia rural, conseguiu obstruir o trabalho por meses, criando conflitos, violências e garantindo alguns ganhos. E o segundo é o fomento das divergências raciais, prática muito conhecida dos agentes da CIA pelo mundo afora, para manter os povos divididos. Não é sem razão que os separatistas de Santa Cruz têm como assessor o embaixador gringo Phil S. Golberg, conhecido por trabalhar no Kosovo durante o processo que redundou na fragmentação da ex-Iugoslávia. Foi a partir disso que iniciaram a proposta dos referendos para aprovar a separação da Bolívia, infringindo, inclusive, a lei. E, com os referendos ilegais, aproveitaram para trazer também a violência, a mentira, o racismo, ingredientes indispensáveis num processo de destruição de um projeto, para eles, perigoso demais.
A participação dos Estados Unidos no aniquilamento de projetos populares das nações latino-americanas não é novidade para ninguém. A política de divisão tem sua origem na Doutrina Monroe, enunciada pelo presidente estadunidense James Monroe, em 1823, que ficou conhecida como “América para os americanos”, e aqui, América está entendido os Estados Unidos. Na época, esta doutrina apareceu como uma advertência à Europa, afirmando que os Estados Unidos não tolerariam qualquer intervenção ou ocupação européia no continente americano. Na prática, foi o início de um tempo imperial, que deu aos Estados Unidos o poder de se arvorar em “Tio Sam”, ou seja, irmão das nações americanas. Um irmão voraz, ambicioso e destruidor. Não é à toa que o cantador venezuelano Ali Primeira tratou de sentenciar o fim da expressão “Tio Sam” aqui pelas nossas terras: “Eu não te digo tio, Dom Samuel, porque irmão da minha pátria tu não és”.
O futuro
E assim caminha a Bolívia, acossada pelos interesses estrangeiros, pela aristocracia títere e entreguista, pelos negócios escusos do império. Por outro lado, se levantam povos, gentes, seres, que acreditam ser possível mudar a vida, virar o leme, cambiar o rumo. Estes são os projetos que entrarão em embate nas urnas no domingo, dia 10 de agosto, desde 2008. Para os pobres, os originários, os camponeses, as mulheres, os desvalidos, os marginais da Bolívia real, será um dia de lembrar Tupac Catari e seu grito inesquecível, que ecoa até hoje pelas veredas da vida profunda: “Voltarei, e serei milhões”. Será a escolha entre o falso-irmão do norte e a soberania, entre Sam e Catari, entre a morte e a vida. Não será fácil, mas pode acontecer de as gentes levantarem a cabeça e decidirem por recuperar coisas bonitas e profundas que lhes legaram seus ancestrais: cooperação, solidariedade, terra comunal e riquezas repartidas. Não resta dúvida de que o governo de Evo Morales comete equívocos, tem problemas e deixa de avançar em questões igualmente fundamentais. Mas, está claro que há um caminho, que é novo, que busca a soberania. Um caminho para construir, em comunhão. Que venha, então, o dia 10. E que seja bom!
Uma história de opressão
A história da Bolívia está visceralmente ligada à história da conquista, tal qual a dos demais países deste imenso continente. Com um passado autóctone ancorado em conceitos como a cooperação, a solidariedade e a posse coletiva da terra, o povo da região viu ser solapado todo o seu modo de vida com a invasão espanhola no século XVI. Em todos os lugares, a lógica da colonização foi submeter os povos originários, apropriar-se da terra, impor-lhes uma cultura alienígena e transformá-los em seres dóceis aos objetivos de domínio. Esse foi um fato político de extrema importância que, conforme diz Mariategui, mudou o cimento da vida dos povos que aqui viviam. Toda a proposta colonial, baseada na concentração da terra, não foi capaz de ser dissolvida nem mesmo nas guerras de independência, no século XIX. Apesar de todo o esforço de Simón Bolívar para incorporar os setores marginalizados da vida latino-americana, como os camponeses pobres e os originários, sua proposta foi derrotada e, ao final do processo de independência o que se viu foi uma América balcanizada, longe de corresponder aos ideais de unidade e soberania propostos no Congresso Anfictiônico do Pamaná, em 1826.
A vitória do grupo ligado à aristocracia agrária não alterou a estrutura da vida colonial. O poder mudou de mãos,mas seguiu na mesma classe. Saiu da coroa portuguesa e passou para a dos grandes proprietários de terra, brancos e ricos. A independência não destruiu o feudo, o latifúndio. Com isso, quem tem a terra segue tendo o mando e as riquezas. É nesse sentido que José Carlos Mariategui não consegue ver na questão indígena apenas um problema racial. Ele insiste que, a despeito de haver o racismo, o que também preciso ser superado é o sistema econômico que concentra terra e riqueza nas mãos de uns poucos, ou seja, a mesma velha lógica colonial. Esta análise, feita na década de 30, segue sendo bastante válida para os dias de hoje, observando-se os acontecimentos na Bolívia. A mídia – como sempre aliada dos poderosos – tem se esmerado em mostrar os conflitos como uma questão racial entre brancos e índios, esquecendo de mostrar o que se expressa por trás da aparência.
As raízes mais próximas
A atual crise que vive o governo de Evo Morales tem sua origem nesta história de invasão, domínio e colonialismo. E o que está em questão, muito mais do que o ancestral sentimento de superioridade dos brancos invasores, é a posse da terra, a forma de organizar a vida e as novas diretrizes econômicas, alavancadas a partir da eleição de um aymara como presidente da nação. Desde a colônia que meia dúzia de famílias tem mantido o controle das riquezas na Bolívia. Primeiro, rapinaram a prata, tendo como sócios os parceiros estrangeiros. Depois, foi o estanho, seguindo a mesma dobradinha aristocracia boliviana X multinacionais. Toda a riqueza foi, durante estes 500 anos, escoada da Bolívia para os bolsos de alguns “insignes empresários nacionais” ou para outros países. A grande maioria, marcadamente originária, seguiu sob o domínio desta política de “latifundiários”. Assim, um povo que era eminente agrário, e numa lógica comunitarista, de propriedade coletiva da terra, passou a ser escravo das minas, vendo sua cultura e sua forma de vida ser destruída de forma violenta e abrupta. Mas, é bom que se diga, todo esse processo de desmantelamento da vida não se deu de forma pacífica. Incontáveis são as revoltas, rebeliões e revoluções protagonizadas pelo povo boliviano. Todas derrotadas, é fato. Mas, ali, naquelas terras, os povos originários nunca deixaram de lutar.
O passado recente que acabou se expressando na eleição de Evo Morales, produziu movimentos de revolta e rebelião, sempre dentro da mesma temática: a reação das gentes frente ao domínio de uma aristocracia agrária e ao roubo das riquezas do país. Não foi à toa que os movimentos populares derrubaram um presidente que falava com sotaque gringo e exigiram o chamamento de uma nova constituinte para refundar o país. Gigantescos protestos foram feitos nos anos de 2000, 2002, 2003 e 2004. O povo boliviano queria a nacionalização das minas e dos hidrocarburos, além de uma nova lei magna que representasse todas as vozes e não só a dos ricaços latifundiários de sempre.
Evo e as mudanças
E foi a partir destas palavras de ordem que exigiam a recuperação da Bolívia para os bolivianos que um sindicalista camponês aymara, aliado a uma parte da pequena burguesia nacional, conseguiu vencer as eleições. Tinha como proposta essas demandas populares, além da promessa de discutir a autonomia das comunidades originárias dentro da nação, garantindo a elas, inclusive, a propriedade da terra e das riquezas subterrâneas. E esse, sem dúvida, é um dos pontos detonantes do movimento separatista iniciado pela aristocracia branca de Santa Cruz de la Sierra. Aos sempre eternos donos da terra boliviana resultou inaceitável dividir com os originários a posse da terra, disputando assim, finalmente, em igualdade de condições, um outro jeito de organizar a vida. Incapazes de abrir mão do poder, que julgam divino, sobre a posse da terra e das riquezas, não restou a eles senão a proposta de criação de um outro país, no qual eles não tivessem que dividir nada com ninguém que não sejam os seus velhos sócios predadores.
Evo Morales, sendo eleito, levou a cabo as promessas feitas ao povo. Nacionalizou os hidrocarburos, nacionalizou as minas e convocou uma Assembléia Nacional Constituinte. Esta câmara também logrou representar as gentes que durante 500 anos tinham ficado de fora do processo decisório. E isso acabou gerando todo o pavor nos latifundiários e nos seus sócios estrangeiros. Com maioria na Assembléia, o povo boliviano iria dar uma cara muito mais plural ao país e poderia, inclusive, garantir, a refundação de uma nova Bolívia, popular, democrática e pluri-nacional.
O sobrevôo da águia
Outro fator que não pode ser esquecido, dentro da chamada crise boliviana, é o papel dos Estados Unidos e das multinacionais. Durante décadas o país esteve atrelado econômica e politicamente aos interesses estadunidenses, sendo a embaixada dos EUA o verdadeiro centro de poder, conforme documentos que estão sendo revelados agora pelo atual governo. Assim, para o capital estadunidense, seus sócios perderem o controle das riquezas significa perdas monumentais. Logo, o contra-ataque não se fez esperar.
O primeiro deles se deu no interior da Constituinte. A minoria, representante da oligarquia rural, conseguiu obstruir o trabalho por meses, criando conflitos, violências e garantindo alguns ganhos. E o segundo é o fomento das divergências raciais, prática muito conhecida dos agentes da CIA pelo mundo afora, para manter os povos divididos. Não é sem razão que os separatistas de Santa Cruz têm como assessor o embaixador gringo Phil S. Golberg, conhecido por trabalhar no Kosovo durante o processo que redundou na fragmentação da ex-Iugoslávia. Foi a partir disso que iniciaram a proposta dos referendos para aprovar a separação da Bolívia, infringindo, inclusive, a lei. E, com os referendos ilegais, aproveitaram para trazer também a violência, a mentira, o racismo, ingredientes indispensáveis num processo de destruição de um projeto, para eles, perigoso demais.
A participação dos Estados Unidos no aniquilamento de projetos populares das nações latino-americanas não é novidade para ninguém. A política de divisão tem sua origem na Doutrina Monroe, enunciada pelo presidente estadunidense James Monroe, em 1823, que ficou conhecida como “América para os americanos”, e aqui, América está entendido os Estados Unidos. Na época, esta doutrina apareceu como uma advertência à Europa, afirmando que os Estados Unidos não tolerariam qualquer intervenção ou ocupação européia no continente americano. Na prática, foi o início de um tempo imperial, que deu aos Estados Unidos o poder de se arvorar em “Tio Sam”, ou seja, irmão das nações americanas. Um irmão voraz, ambicioso e destruidor. Não é à toa que o cantador venezuelano Ali Primeira tratou de sentenciar o fim da expressão “Tio Sam” aqui pelas nossas terras: “Eu não te digo tio, Dom Samuel, porque irmão da minha pátria tu não és”.
O futuro
E assim caminha a Bolívia, acossada pelos interesses estrangeiros, pela aristocracia títere e entreguista, pelos negócios escusos do império. Por outro lado, se levantam povos, gentes, seres, que acreditam ser possível mudar a vida, virar o leme, cambiar o rumo. Estes são os projetos que entrarão em embate nas urnas no domingo, dia 10 de agosto, desde 2008. Para os pobres, os originários, os camponeses, as mulheres, os desvalidos, os marginais da Bolívia real, será um dia de lembrar Tupac Catari e seu grito inesquecível, que ecoa até hoje pelas veredas da vida profunda: “Voltarei, e serei milhões”. Será a escolha entre o falso-irmão do norte e a soberania, entre Sam e Catari, entre a morte e a vida. Não será fácil, mas pode acontecer de as gentes levantarem a cabeça e decidirem por recuperar coisas bonitas e profundas que lhes legaram seus ancestrais: cooperação, solidariedade, terra comunal e riquezas repartidas. Não resta dúvida de que o governo de Evo Morales comete equívocos, tem problemas e deixa de avançar em questões igualmente fundamentais. Mas, está claro que há um caminho, que é novo, que busca a soberania. Um caminho para construir, em comunhão. Que venha, então, o dia 10. E que seja bom!
Nenhum comentário:
Postar um comentário