13/10/2006 - Não é de hoje que os povos originários se levantam contra a dominação branca e colonial. Tão logo perceberam que os barbudos que desciam das naus, no 1492, não eram deuses, as gentes de Abya Yala iniciaram a resistência. Enfrentaram o massacre de seus povos, a destruição de seus templos e a tentativa de apagamento de sua cultura e suas crenças. Insurgiram-se com Tupac Amaru, Micaela Bastidas, Tupac Katari e tantos outros que continuam vivos na memória. Fizeram lutas, travaram batalhas e se mantiveram ativos e unidos no conhecimento originário, nas práticas históricas de solidariedade e cooperação.
Até agora viveram de resistir. É assim no Peru, no Chile, na Bolívia, no Equador, no Brasil e em quase todos os rincões desta pátria grande. Mas, desde o início dos anos 70, quando a partir do México - no Primeiro Congresso Nacional Indígena - os povos autóctones retomam os encontros sistemáticos para discutir caminhos de libertação, novos ares vão agitar a vida nesta parte do globo terrestre. Em 1983 já se percebe uma intensa agitação na região de Chiapas, sul do México, com o início de um movimento que vai explodir em primeiro de janeiro de 1994, quando os indígenas auto-denominados Exército Zapatista de Libertação Nacional tomam cidades e lançam a consigna que viria a ser uma bandeira de todos os empobrecidos do mundo: “nunca mais o mundo sem nós!” Desde esse levante zapatista, quando todas as análises insistiam em dizer que até mesmo a história já havia chegado ao seu fim, se revigora um processo que sempre esteve em curso, o da recuperação de uma identidade autóctone e o desejo de respeito, terra e liberdade.
Este foi o rastilho de pólvora que colocou a maioria dos povos autóctones em alerta. Em quase todos os países as gentes originárias começaram a reunir-se, buscando alimentar o que era apenas um desejo. Até porque, foi nesta década que o projeto neoliberal recrudesceu, com boa parte dos países aplicando as receitas vindas dos organismos internacionais que exigiam privatizações, ajustes econômicos e reformas. Tudo isso provocando um aprofundamento da miséria e o aumento do abismo entre os ricos e os empobrecidos.
Toda essa movimentação de resistência foi fortalecendo os movimentos sociais e, principalmente os movimentos indígenas, que decidiram se organizar regionalmente. No Fórum Social Mundial deste ano, 2006, foi criada a Coordinadora Andina, numa articulação que aglutina as etnias de toda a espinha dorsal dos Andes, sempre ligada aos povos da América Central, do Caribe, do México e dos países do norte. Nunca se havia visto um movimento assim. Isso sem contar o protagonismo dos povos originários em situações como a deposição do presidente Sánchez de Lozada, na Bolívia e Lúcio Gutierrez, no Equador. Este ano, a eleição de Evo Morales Ayma, um aymara, primeiro presidente verdadeiramente originário, deu ainda mais força ao movimento de recuperação das culturas e da dignidade autóctone.
Neste dia 12 de outubro, fecha-se mais um ciclo no movimento dos povos originários com a carta de La Paz, resultado do Encontro Continental dos Povos de Abya Yala, um momento que reuniu gente de todos os cantos do continente para consolidar a luta contra o processo de uma nova dominação e colonização a partir dos Tratados de Livre Comércio fechados pelos Estados Unidos com boa parte dos governos da América do Sul e Central, a despeito das lutas das gentes.
Depois de vários dias reunidos, com a participação de representantes de etnias das três Américas - ou de Abya Yala, como propõem seja retomado o nome originário deste continente - os povos autóctones decidiram que é chegada a hora de resistir por resistir. Agora é o momento de conquistar e construir o poder, mas um poder que surja da experiência dos povos originários. Assim, deliberaram que a luta vai ser ainda mais forte pela manutenção da soberania sobre os recursos naturais, contra a invasão territorial e política promovida pelas transnacionais, contra a criminalização das lutasn e dos movimentos sociais.
Deste 12 de outubro, que é o dia da resistência dos povos autóctones, se levanta outra vez um grito de luta. E, segundo os povos que deliberaram em comunhão, não vai ser só um ponto focal. É a certeza de que o processo de reconquista da soberania segue em curso, agora com muito mais articulação e poder. Quando o quéchua soprou o búzio que abre as portas para o mundo originário e suas velhas/novas tradições como a solidariedade, a cooperação, o companheirismo, e busca por vida plena, Abya Yala estremeceu. Pela Pachamama , sob a luz de Inti, marcham as gentes. E o que é mais bonito: todos sabem para onde vão!!!!
Até agora viveram de resistir. É assim no Peru, no Chile, na Bolívia, no Equador, no Brasil e em quase todos os rincões desta pátria grande. Mas, desde o início dos anos 70, quando a partir do México - no Primeiro Congresso Nacional Indígena - os povos autóctones retomam os encontros sistemáticos para discutir caminhos de libertação, novos ares vão agitar a vida nesta parte do globo terrestre. Em 1983 já se percebe uma intensa agitação na região de Chiapas, sul do México, com o início de um movimento que vai explodir em primeiro de janeiro de 1994, quando os indígenas auto-denominados Exército Zapatista de Libertação Nacional tomam cidades e lançam a consigna que viria a ser uma bandeira de todos os empobrecidos do mundo: “nunca mais o mundo sem nós!” Desde esse levante zapatista, quando todas as análises insistiam em dizer que até mesmo a história já havia chegado ao seu fim, se revigora um processo que sempre esteve em curso, o da recuperação de uma identidade autóctone e o desejo de respeito, terra e liberdade.
Este foi o rastilho de pólvora que colocou a maioria dos povos autóctones em alerta. Em quase todos os países as gentes originárias começaram a reunir-se, buscando alimentar o que era apenas um desejo. Até porque, foi nesta década que o projeto neoliberal recrudesceu, com boa parte dos países aplicando as receitas vindas dos organismos internacionais que exigiam privatizações, ajustes econômicos e reformas. Tudo isso provocando um aprofundamento da miséria e o aumento do abismo entre os ricos e os empobrecidos.
Toda essa movimentação de resistência foi fortalecendo os movimentos sociais e, principalmente os movimentos indígenas, que decidiram se organizar regionalmente. No Fórum Social Mundial deste ano, 2006, foi criada a Coordinadora Andina, numa articulação que aglutina as etnias de toda a espinha dorsal dos Andes, sempre ligada aos povos da América Central, do Caribe, do México e dos países do norte. Nunca se havia visto um movimento assim. Isso sem contar o protagonismo dos povos originários em situações como a deposição do presidente Sánchez de Lozada, na Bolívia e Lúcio Gutierrez, no Equador. Este ano, a eleição de Evo Morales Ayma, um aymara, primeiro presidente verdadeiramente originário, deu ainda mais força ao movimento de recuperação das culturas e da dignidade autóctone.
Neste dia 12 de outubro, fecha-se mais um ciclo no movimento dos povos originários com a carta de La Paz, resultado do Encontro Continental dos Povos de Abya Yala, um momento que reuniu gente de todos os cantos do continente para consolidar a luta contra o processo de uma nova dominação e colonização a partir dos Tratados de Livre Comércio fechados pelos Estados Unidos com boa parte dos governos da América do Sul e Central, a despeito das lutas das gentes.
Depois de vários dias reunidos, com a participação de representantes de etnias das três Américas - ou de Abya Yala, como propõem seja retomado o nome originário deste continente - os povos autóctones decidiram que é chegada a hora de resistir por resistir. Agora é o momento de conquistar e construir o poder, mas um poder que surja da experiência dos povos originários. Assim, deliberaram que a luta vai ser ainda mais forte pela manutenção da soberania sobre os recursos naturais, contra a invasão territorial e política promovida pelas transnacionais, contra a criminalização das lutasn e dos movimentos sociais.
Deste 12 de outubro, que é o dia da resistência dos povos autóctones, se levanta outra vez um grito de luta. E, segundo os povos que deliberaram em comunhão, não vai ser só um ponto focal. É a certeza de que o processo de reconquista da soberania segue em curso, agora com muito mais articulação e poder. Quando o quéchua soprou o búzio que abre as portas para o mundo originário e suas velhas/novas tradições como a solidariedade, a cooperação, o companheirismo, e busca por vida plena, Abya Yala estremeceu. Pela Pachamama , sob a luz de Inti, marcham as gentes. E o que é mais bonito: todos sabem para onde vão!!!!
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